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A LINHA TÊNUE ENTRE O DIREITO À DESCONEXÃO E O ADOECIMENTO MENTAL DO TRABALHADOR:
UMA ANÁLISE DA SÍNDROME DE BURNOUT
O burnout é um termo que se tornou conhecido pelas pesquisas
do psicanalista alemão Herbert Freudenberger e seu amigo, também
psicanalista, Gail North, em 1974. Ao trabalhar doze horas por dia,
chegando a atender até dez pacientes por hora, Herbert Freudenberger foi
vítima do termo que consagrou:
Os estudos sobre o burnout começaram a se multiplicar a partir
dos artigos de Freudenberger (1974,195), apesar de não haver
sido ele o primeiro a falar e se utilizar deste termo para se referir
ao esgotamento físico e mental, bem como aos transtornos
comportamentais observados em profissionais da área da saúde.
Porém, sem dúvida alguma, seus artigos figuram como um marco
e desencadearam inúmeros outros trabalhos em todo o mundo,
ocasionando um impacto no meio científico e organizacional
(PEREIRA, 2002, p. 14).
Freudenberger foi o primeiro autor a mencionar a síndrome de
burnout, a definindo como “exaustão advinda do excesso de demandas de
energia, força ou recursos”. Mas, coube a Maslach e Jackson, em 1981,
50 a elaborar um postulado específico sobre quando, após a análise fatorial,
foram encontradas três dimensões que explicam a síndrome de burnout:
exaustão emocional, despersonalização e realização pessoal.
É fato que as relações de trabalho mudaram e hoje a síndrome de
burnout é muito discutida, pois vencer a forte concorrência no mercado
de trabalho é uma das características do profissional moderno e tem sido a
causa de muitos diagnósticos da doença.
3 DO DIREITO À DESCONEXÃO E A SAÚDE MENTAL DO
TRABALHADOR
Infelizmente, como salienta Dejours (1992), o trabalho nem sempre
possibilita crescimento, reconhecimento e independência profissional,
pois muitas vezes causa problemas de insatisfação, desinteresse, irritação,
exaustão (apud Ana Maria T. Benevides Pereira, 2002, p.13). Devido a tais
condições, o número de pessoas acometidas pela síndrome de burnout, no
Brasil, chega a 30 milhões. Já, em âmbito mundial, esse número é ainda
maior, o que fez com que a Organização Mundial da Saúde reconhecesse a
síndrome como uma doença do trabalho.