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Ana Paula de Azevedo Barbosa / Rayane Araújo Castelo Branco Rayol
doenças físicas. Mas, devido ao contexto de trabalho cada vez mais intenso e
concorrido, são incapazes de relacionar seu sofrimento ao seu labor.
Muitas profissões estão suscetíveis ao burnout, inclusive, algumas
estão mais suscetíveis do que outras, como profissionais de saúde que lidam
com a circunstâncias de vida ou morte de pacientes; o professor, que, segundo
pesquisas, também tem sido grande alvo da síndrome. Ressalte-se que já há
muitos estudos específicos sobre professores e sua relação com o trabalho,
pois ele assume muitos papéis, lidando com aspectos sociais e conflitos em
sala de aula, com a preocupação em impulsionar o desenvolvimento de seu
aluno e com a inadequação salarial.
Professores têm sido alvo de diversas investigações (Beck &
Gargiulo,1983; Byrne, 1991, 1993; Friensen & Sarros, 1989;
Iwanicki & Schwab, 1981, Russel, Altmaier & Van Velzen, 1987,
Schwab & Iwanicki, 1986, Carvalho,1995; Moura, 1997), pois no
exercício profissional da atividade docente encontram-se presentes
diversos estressores psicossociais, alguns relacionados à natureza de
suas funções, outros relacionados ao contexto institucional e social
onde estas são exercidas (CARLOTTO, 2002, p.1). 45
O ensino em todos os níveis é amplamente percebido como tendo
alta relevância social, a profissão de professor está entre as mais
respeitadas. No entanto, muitos professores acabam deixando o
devido a altos níveis de estresse, ambiente de trabalho negativo,
trabalho sem trabalho e aumento das expectativas de trabalho (no
que diz respeito às estimativas, comportamento do aluno, tarefas
administrativas, e lidar com outros motivos sociais e estimulantes
dos alunos), entre outros. Jovens professores altos níveis de burnout,
mesmo antes da pandemia (OIT, 2021, online, tradução nossa).
O burnout não é exclusivo de uma só profissão. Todas elas
podem ser suscetíveis a ele, isso vai depender do modo que o trabalhador
a desempenhe. O importante é que, ao ter o diagnóstico, é necessário ser
afastado de seu respectivo cargo, aliás, não dá para continuar no mesmo
local ou exercendo a mesma função que o fez gerar a síndrome quando
ainda se encontra padecendo dela. Contudo, a grande questão é: após seu
diagnóstico e tratamento adequado, o trabalhador poderá voltar a exercer
seu respectivo cargo?
Como muitas questões no Direito, depende. A volta ao trabalho
pode ser muito complexa, pois foi exercendo aquele trabalho que ele
a
Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 12 Região | v.27 n. 36 2024