Page 43 - Revista TRT-SC 036
P. 43

Ana Paula de Azevedo Barbosa / Rayane Araújo Castelo Branco Rayol

              2 DO TRABALHO AO BURNOUT

                       Uma boa relação com o trabalho é essencial se uma pessoa objetiva
              ter uma vida saudável. Aliás, o trabalho ocupa boa parte do tempo de vida,
              o que pode ser um fator benéfico, ou não, a depender de suas circunstâncias.
              Mediante más circunstâncias de trabalho, a pessoa poderá vir a desenvolver a
              síndrome de burnout que traz consequências indesejáveis para o profissional,
              para o empregador e, consequentemente, para a sociedade.

                       Não é uma tarefa fácil arcar com as consequências da síndrome, pois o
              tratamento apropriado leva tempo e há gastos financeiros a longo prazo, por isso
              rever as condições de trabalho nas quais é submetido o trabalhador é essencial
              para que ele não passe despercebido pelos estágios da doença e chegue a seu
              ápice. A doença tem tratamento, mas, a depender de como o trabalhador passa
              por ela, o absenteísmo, grande vilão da sociedade, pode vir a surgir.

              2.1 Burnout: um risco ao trabalhador
                                                                                     43
                       O trabalho faz parte da construção de identidade, gera confiança e
              autonomia, ou seja, tem um papel fundamental na vida das pessoas. Por ter
              esse papel, acaba se tornando o foco principal de muitas pessoas, o que muda
              totalmente a relação com o trabalho e as positivas contribuições pessoais que
              ele é capaz de oferecer. Como afirma Dejours (1992, p. 63-64), “a saúde e o
              trabalho estão intimamente ligados e, se o homem for fortemente afrontado
              em suas tarefas profissionais, põe em perigo sua vida mental”.
                       É fato que a relação com o trabalho se transformou ao longo dos
              anos. Há 135 anos, o Brasil lidava com a escravidão. Um ano depois, após a
              sua abolição, lidava com a falta de leis que protegessem o trabalhador. Hoje,
              lida, mesmo com a proteção legislativa ao trabalhador, com um mundo
              super conectado, que proporcionou facilidades no dia a dia, mas trouxe um
              lado negativo, com intensas pressões por resultados e obtenção de cada vez
              mais produtividade.
                               A ansiedade responde então  ao ritmo  de  trabalho,  de produção,
                               a velocidade e, através desses aspectos, ao salário, aos prêmios, às
                               bonificações. A situação de trabalho por produção é completamente
                               impregnada pelo risco de não acompanhar o ritmo imposto e de
                               “perder o trem” (DEJOURS, 1992, p.73).

                                                                    a
                                           Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 12  Região | v.27 n. 36 2024
   38   39   40   41   42   43   44   45   46   47   48