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A LINHA TÊNUE ENTRE O DIREITO À DESCONEXÃO E O ADOECIMENTO MENTAL DO TRABALHADOR:
          UMA ANÁLISE DA SÍNDROME DE BURNOUT

                           taquicardia, falta de ar, até evoluir para comportamentos agressivos e
                           pensamentos suicidas (CAMARGO, 2022, online).

                  Todos esses sintomas podem fazer parte dos níveis que levam até
          o colapso na síndrome, por isso muitas pessoas que estão à beira de um
          colapso não conseguem associar tais problemas a uma doença psicológica.
          Tais níveis foram classificados pelos psicanalistas Freudenberger e Gail
          North, em 1974, e são divididos em doze estágios, de acordo com a seguinte
          ordem, por Wareline, tecnologia em saúde: 1) Necessidade de aprovação
          constante; 2) Acúmulo de trabalho e responsabilidades; 3) Omissão das
          necessidades pessoais e sociais; 4) Fuga dos problemas; 5) Revisão dos
          valores pessoais; 6) Negação, impaciência e irritabilidade; 7) Afastamento
          social; 8) Mudanças claras de comportamento; 9) Despersonalização; 10)
          Sentimento de vazio interior; 11) Sintomas de depressão; 12) Esgotamento
          ou Burnout (Campinas, s.d., online).
                  Não só o Brasil, mas o mundo passa por uma epidemia de burnout,
          tanto que passou a fazer parte, este ano, da classificação interna de doenças
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          da Organização Mundial da Saúde. A síndrome está relacionada ao modus
          operandi do empregador, que não está pensando na parte humana, e as pessoas,
          por serem responsáveis, terem contas a pagar, vão acumulando funções e se
          submetendo cada vez mais às vontades do empregador, desconsiderando o
          risco de saúde por trás de toda essa subordinação em busca de aprovação.
                  As pessoas deverão ter mais atenção às regras básicas de saúde para
          manter seu corpo funcionando bem, como levar em consideração os outros
          aspectos de vida, realizando a devida desconexão física e mental do trabalho,
          pois, para ter um bom desempenho no dia seguinte, e assim sucessivamente,
          é preciso estabelecer limites.

                  Além do trabalhador, a empresa também deve estabelecer limites
          na relação de trabalho e elaborar estratégias para o bom desempenho do
          profissional, como criar canais de comunicação, que, frente a situações de
          trabalho desgastantes, o trabalhador possa usar para denunciar essa prática e
          ajudar a saúde dos colegas de trabalho, pois, muitas vezes, as condições ruins
          de trabalho, como o assédio moral, vem de um chefe imediato ou até de um
          colega de trabalho, prevenindo, assim, o início de uma síndrome que pode
          gerar danos até irreversíveis.
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