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Ana Paula de Azevedo Barbosa / Rayane Araújo Castelo Branco Rayol

              2.3 ANÁLISE DE INCIDÊNCIA: UMA SÍNDROME
              CONTEMPORÂNEA?


                       Burnout, palavra de origem inglesa, significa “queimar-se
              por completo”, e, por mais que tenha passado a ser considerada doença
              ocupacional este ano, após a sua inclusão na Classificação Internacional de
              Doenças (CID-11) da Organização Mundial da Saúde, é um novo nome
              para um problema já antigo. A definição de burnout na CID- 11 é:

                               burnout é uma síndrome conceituada como resultante do estresse
                               crônico no local de trabalho que não foi gerenciado com sucesso.
                               É caracterizada por três dimensões: sentimentos  de exaustão ou
                               esgotamento de energia; aumento do distanciamento mental do
                               próprio trabalho, ou sentimentos de negativismo ou cinismo
                               relacionados ao próprio trabalho; e redução da eficácia profissional”
                               (apud Nações Unidas Brasil, 2019, online).
                       Estafa, termo até hoje muito utilizado, foi um dos termos mais
              próximos ao conceito de  burnout antes de seu surgimento. Segundo a
              psicóloga Natalia Jamille de Oliveira, em matéria ao portal online do hospital   49
              Unimed Fortaleza, “6 atitudes para aliviar sua rotina”, estafa é o um nome
              dado a um cansaço mental que atinge crianças e adultos, comprometendo
              o desempenho profissional e escolar, tornando até atividades que antes
              eram prazerosas, em obrigações. Além disso, salienta que esse cansaço
              mental pode ter consequências físicas, alterando todo o funcionamento do
              organismo, desencadeando doenças como hipertensão e dores no corpo,
              dores de cabeça, além de problemas gastrointestinais (2018, online).
                       Estafa foi o diagnóstico dado, por muito tempo, a profissionais que
              se sentiam mal com sua relação com o trabalho. Não é difícil imaginar que,
              antes de alcançarem direitos trabalhistas, os trabalhadores devem ter sofrido
              com a síndrome, mas, sem o advento científico, nem imaginavam do que se
              tratava no momento em que manifestavam todos os sintomas isolados que,
              em conjunto, formam o burnout, pois, com horários de trabalho definido
              pelo empregador a depender de sua necessidade comercial, sentir bastante
              exaustão física e mental era um sentimento comum na época; aliás, não é
              à toa que trabalhar demais é culturalmente visto com bons olhos inclusive
              agora, mesmo com as atuais leis que protegem o trabalhador e, no que tange
              a sua carga horária, ele permanece excedendo a jornada de trabalho.

                                                                    a
                                           Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 12  Região | v.27 n. 36 2024
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