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DIAGNÓSTICO SOBRE A SAÚDE DOS AGENTES DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA NO
          SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO

          prisional. Nas instituições públicas, a segurança financeira oferecida pelo
          cargo, obtido por concurso, torna-se um atrativo. No entanto, ao longo da
          carreira, a resiliência inicial pode dar lugar à desmotivação e adoecimento.

                  As doenças causadas por agentes biológicos são uma constante
          no trabalho prisional. O contato próximo com a população encarcerada
          promove a disseminação de doenças causadas por vírus, bactérias, parasitas,
          protozoários, fungos e bacilos. As contaminações podem ocorrer por contato,
          pelo ar, secreções ou sangue contaminado. Uma maneira de minimizar esses
          riscos seria fornecer equipamentos de proteção individual, como máscaras e
          luvas, e oferecer treinamentos regulares.
                  Em um levantamento realizado com agentes prisionais,
          Albuquerque et al. (2018, p. 23) descreveu que os agentes entrevistados
          em Sergipe relataram a falta de condições de trabalho, incluindo a não
          disponibilização de equipamentos de proteção individual (EPIs) e a
          ausência de cursos de capacitação. Segundo eles, a unidade nunca ofereceu
    150 treinamento sobre ressocialização e como atuar dentro da unidade.

                  O estudo de Nogueira et al. (2018, p. 13) em Franco da Rocha/SP
          apontou  que funcionários  de penitenciárias  com contato  direto com os
          detentos têm 2,12 vezes mais chance de se infectar pelo  Mycobacterium
          tuberculosis e adoecer por tuberculose, devendo ser alvo de ações de prevenção
          e controle da doença.

                  Rumin (2016, p. 577) pondera que, além do risco de tuberculose,
          há  contágio  por  sarna  no  ambiente  prisional.  Ele  explica  que,  além  da
          condição biológica de estar afetado por essas doenças, há uma perturbação
          na identidade dos trabalhadores, que compartilham doenças comuns aos
          sentenciados.
                  Ambientes prisionais mal ventilados, superlotados e com condições
          mínimas de higiene e saneamento favorecem a disseminação de doenças
          como tuberculose, hepatite A, COVID-19, influenza, sarampo, varicela,
          rotavírus e rinovírus, transmissíveis por contato, gotículas ou aerossóis.
                  Jaskowiak & Fontana (2015, p. 242) demonstram que, durante
          seu estudo, os agentes manifestaram sentimentos variados, desde alegria
          pela convivência com os colegas até tristeza pelas dificuldades impostas pelo
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