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DIAGNÓSTICO SOBRE A SAÚDE DOS AGENTES DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA NO
          SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO

                  O ambiente  prisional  oferece condições  de trabalho  peculiares
          e extremamente adversas aos trabalhadores, em comparação com outras
          instituições. Nos últimos anos, o sistema penitenciário tem enfrentado
          inúmeros desafios devido à superlotação das unidades prisionais: falta de
          efetivo, crescimento do crime organizado e estruturas físicas e equipamentos
          obsoletos têm causado grande preocupação em relação aos profissionais que
          atuam diretamente nas atividades prisionais.

                  Os profissionais da segurança pública estão entre os mais afetados
          por transtornos mentais relacionados ao trabalho. Enfrentam ameaças
          constantes, trabalham em escalas e vivem com o medo de se tornarem reféns
          de rebeliões e de ameaças à família. Além disso, a falta de reconhecimento
          do papel desses agentes pela sociedade contribui para sua desvalorização.

                  Agentes prisionais mantêm por dias seguidos o contato direto
          com os apenados e são os responsáveis pela manutenção do confinamento
          no cárcere. Nesse diagrama, estão repetidamente expostos a um ambiente
          violento e psicologicamente desequilibrado.
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                  Embora o trabalho em escalas permita que agentes penitenciários
          realizem outras atividades para aumentar sua renda, isso resulta em sobrecarga
          física e emocional, causando várias queixas e altos índices de absenteísmo,
          agravando ainda mais a situação da saúde desses trabalhadores.

                  O convívio diário dos trabalhadores do sistema prisional com os
          presos leva à assimilação de hábitos típicos dos detentos, como o linguajar,
          o tabagismo e o abuso de drogas. A necessidade de se manterem sempre em
          alerta máximo, ao mesmo tempo em que zelam pela segurança da unidade,
          impõe altos níveis de exigência emocional, desafiando sua resiliência e
          capacidade mental.



          1 OS SINAIS DO ADOECIMENTO DO TRABALHADOR
          CARCERÁRIO

                  Segundo Lourenço (2010, p. 23), apenas uma pequena parcela dos
          presos no Brasil tem condenações superiores a 30 anos:

                            Em Minas Gerais, apenas 4,26% têm penas maiores que 30 anos. A
                           grande maioria das condenações no país, 53,53%, é de até oito anos
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