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Josiane de Oliveira Haag Sölter

                       Carvalho et al. (2021, p.10) afirma que:
                               É papel do Estado garantir uma vida digna aos detentos por meio
                               de políticas públicas, acompanhamentos psicológicos e oficinas que
                               ofereçam o auxílio necessário para a reintegração social dos presos. De
                               acordo com o relatório do Departamento de Pesquisas Judiciárias do
                               Conselho Nacional de Justiça e do Programa Justiça Presente, 42,5%
                               dos brasileiros acima de 18 anos retornam ao sistema prisional. Esses
                               dados mostram que o Estado não tem políticas públicas adequadas
                               para a reeducação dos presos, que se sentem abandonados pela
                               família e pelo Estado, sem uma base sólida para evitar a reincidência.
                       Jaskowiak & Fontana (2015, p. 235) observaram, em um estudo
              realizado em um presídio de médio porte na região noroeste do Rio Grande
              do Sul, uma vulnerabilidade nas relações entre os agentes e o sistema
              penitenciário. Alguns entrevistados relataram medo de atentados à sua
              integridade física, preocupação e temor pela segurança de suas famílias.
                       Lourenço (2010, p.26) cita que o exercício de atividade repressiva
              e o contato direto com os detentos se mostrou significativamente associado   149
              às agressões. Muitos agentes evitam comentar sobre a profissão e suas
              possibilidades de lazer muitas vezes se restringem a alternativas que não
              envolvam contato com multidões ou ambientes públicos, como medida de
              proteção. Outro aspecto importante relatado no cotidiano dos pesquisados
              são os preconceitos sofridos: 61,8% afirmaram já terem sofrido algum tipo
              de discriminação.
                       Medeiros-Costa  et al. (2018, p. 36) apontaram transtornos
              mentais  comuns  e  síndrome  de  burnout  entre  agentes penitenciários
              do  Rio  Grande  do  Norte.  Os resultados  mostraram  uma prevalência  de
              transtornos psíquicos em níveis baixos a moderados, com sensações de
              tensão emocional e depressão mais altas do que a redução da autoeficácia.
              No tocante ao burnout, os agentes estão em estado de alerta, com escores
              baixos a moderados nos três fatores da síndrome. Agentes mais antigos na
              profissão apresentaram níveis mais acentuados de transtornos psíquicos.
              Homens percebem-se mais desumanizados e mulheres mais exauridas. O
              estudo sugere uma investigação mais aprofundada sobre o tema.
                       A identificação e a evolução de doenças psicossomáticas entre
              agentes prisionais são preocupantes na estrutura organizacional do sistema

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                                           Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 12  Região | v.27 n. 36 2024
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