Page 147 - Revista TRT-SC 036
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Josiane de Oliveira Haag Sölter

                               de reclusão, sendo que em Minas Gerais esse percentual é de 49,1%.
                               Esse cenário contribui para o temor dos agentes penitenciários
                               por sua segurança, sendo o medo uma das maiores aflições desses
                               profissionais fora dos muros da prisão. Esse temor é significativo, já
                               que 70,4% dos agentes relataram dificuldades para dormir devido a
                               pensamentos sobre violência; 62,7% acordaram no meio da noite
                               com esses pensamentos; e 64,4% tentaram evitar pensar no assunto
                               no mês anterior à pesquisa.

                       Os trabalhadores do sistema prisional estão expostos diariamente
              a altos níveis de estresse, sofrimento e adoecimento ocupacional. Eles
              enfrentam riscos psicossociais decorrentes da tensão e violência, riscos
              biológicos pelo contato com doenças transmissíveis, riscos ergonômicos
              devido à falta de mobiliário adequado e permanência em pé durante
              a jornada, além de riscos físicos como frio, calor e umidade. O desgaste
              emocional desses trabalhadores pode estar associado a outras condições
              mórbidas e manifestar-se de forma silenciosa.

                       Bezerra et al. (2021 p.17) avaliou que:
                                                                                     147
                               O sofrimento psíquico de agentes penitenciários teve prevalência
                               de: 27,7%, índice mais elevado que em pesquisas com professores
                               (21,8%), com profissionais de saúde (19,7%) e até com policiais
                               civis do estado do Rio de Janeiro (20,3%). No entanto, esse índice
                               mostrou-se inferior que em pesquisa com policiais militares do estado
                               do Rio de Janeiro (33,6%). Os sintomas físicos e psicológicos ligados
                               ao sofrimento psíquico são descritos pelos agentes penitenciários e
                               correspondem à literatura sobre o tema.

                       A  vivência  de  sofrimento  no  trabalho  está  relacionada  à
              organização, condições e relações de trabalho. Sabe-se que a frequência
              de síndrome metabólica é maior entre indivíduos submetidos a grande
              demanda psicológica. Silva et al. (2017, p. 39), em investigação sobre a
              síndrome metabólica entre agentes de segurança penitenciária, constatou
              uma possível associação com o estresse ocupacional, destacando que
              todos os agentes de segurança estavam em alguma fase de estresse,
              com homens apresentando elevadas alterações no colesterol total. As
              mulheres também apresentaram valores significativos de colesterol total,
              correlacionados ao estresse.
                       Um ambiente de trabalho desfavorável pode aumentar
              diretamente o risco cardiovascular. Esses fatores de risco são agravados

                                                                    a
                                           Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 12  Região | v.27 n. 36 2024
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