Page 396 - Revista TRT-SC 036
P. 396

Pela grande identidade com a questão fático-jurídica discutida nos
          presentes autos, colaciono três precedentes do TST, oriundos de diferentes
          Turmas, todos no julgamento de recursos em face da mesma empresa ré:

          I – AGRAVO DE INSTRUMENTO DA RECLAMADA. PROCESSO SOB O RITO
          SUMARÍSSIMO. E. B. S. H. 1 – JORNADA DE TRABALHO. REDUÇÃO. FILHO
          PORTADOR DE DEFICIÊNCIA.  TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA –
          TEA. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 98, §§ 2º E 3º, DA LEI 8.112/1990. Não
          obstante a ausência de previsão expressa na CLT, esta Corte tem admitido, por aplicação
          analógica do art. 98, §§ 2º e 3º, da Lei nº 8.112/1990, a redução de jornada de empregado
          público com dependente portador de deficiência, no caso, transtorno do espectro autista –
          TEA, sem alteração remuneratória e sem compensação de horário. Precedentes. Agravo de
          instrumento não provido. [...] (RR-859-40.2022.5.09.0011, 8ª Turma, Relatora Ministra
          Delaide Alves Miranda Arantes, DEJT 18/03/2024).

          RECURSO DE REVISTA. EMPREGADA PÚBLICA DA E. B. S. H..  TUTELA
          INIBITÓRIA. OBRIGAÇÃO DE FAZER. PRETENSÃO DE REDUÇÃO DE 50%
          DA JORNADA DE TRABALHO. FILHA COM TRANSTORNO DO ESPECTRO
          AUTISTA. NECESSIDADE DE CUIDADOS MULTICIPLINARES. REDUÇÃO
          DE JORNADA DE  TRABALHO DA MÃE SEM A OBRIGATORIEDADE DE
          COMPENSAÇÃO DE HORÁRIOS E REDUÇÃO DA REMUNERAÇÃO. ART. 227
    396
          DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA
          HUMANA. VALOR FUNDANTE DA REPÚBLICA. PRINCÍPIO DA PRIORIDADE
          ABSOLUTA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. 1.  Trata-se de postulação de
          redução em 50% da jornada de trabalho de 40 horas semanais de emprega pública da
          E. B. S. H., mãe de criança diagnosticada com Transtorno de Espectro Autista (CID F
          84.0). 2. A Corte Regional, embora tenha consignado que “restou incontroverso nos autos
          que a filha da reclamante é portadora de transtorno do espectro autista (CID F 84.0),
          necessitando-se, pois, de cuidados permanentes e intensivos”, concluiu pela improcedência
          da pretensão da autora. 3. Anote-se que a Constituição da República do Brasil, no seu
          art. 227, caput, assegura o princípio da prioridade absoluta, cujo objetivo é a proteção
          integral das crianças e dos adolescentes, em todos os seus matizes. 4. O Estatuto da Criança
          e do Adolescente, igualmente, adotou no art. 4º o princípio da prioridade absoluta na
          proteção das crianças e adolescentes, pois preceitua que é dever da família, da comunidade,
          da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação
          dos direitos das crianças e adolescentes. 5. Destaca-se que a Convenção Internacional
          sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência foi aprovada pelo Congresso Nacional, na
          forma do art. 5º, § 3º, Constituição Federal, cuja redação preceitua que os tratados e
          convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do
          Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros,
          serão equivalentes às emendas constitucionais. 6. Com efeito, trata-se do primeiro tratado
          internacional que versa sobre direitos humanos a ostentar força normativa de emenda
          constitucional.  Assim,  consagrou-se  a  relevância  do  tema,  objeto  da  controvérsia,  na
          ordem constitucional brasileira, na seara dos direitos fundamentais, como concretização
          do valor fundante da República, qual seja, o princípio da dignidade da pessoa humana,
   391   392   393   394   395   396   397   398   399   400   401