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José Pedro dos Reis

              atividades, à expectativas de difícil realização e relações de trabalho tensas
              e precárias, enfim, situações negativas e objetivas relacionadas à gestão da
              produção no ambiente de trabalho e outras situações subjetivas do próprio
              trabalhador geram tensões, fadigas e esgotamento pessoal e profissional,
              constituindo-se fatores psicossociais responsáveis pela criação ou aumento
              do estresse no ambiente laboral.

                       Outros importantes Fatores de Riscos Psicossociais no Trabalho
              (FRPT) que atingem diretamente à saúde mental do trabalhador estão
              relacionados à violência  moral, ao assédio sexual, ao assédio moral, à
              intimidação para aumento da produtividade, ao bullying, ao excesso de carga
              de trabalho, às jornadas de trabalho inflexíveis, à ameaça de desemprego, às
              metas inatingíveis, às determinações contraditórias por parte das chefias,
              à falta de clareza nas definições das atividades a serem desenvolvidas pelo
              trabalhador, ao desconhecimento dos serviços que irá executar, à insegurança,
              às mudanças mal elaboradas pela gestão, à comunicação ineficaz, à falta de
              apoio da chefia e dos colegas e à violência de terceiros. Esses FRPT provocam
              danos psicológicos muitas vezes irreversíveis nos indivíduos.          135

                       Como consequências dos FRPT, os trabalhadores são acometidos
              de doenças psicossociais, entre elas: o estresse, o Transtorno do Estresse Pós-
              Traumático (TEPT), a ansiedade generalizada, a depressão, os transtornos
              de adaptação, o burnout, o Burnon, a síndrome do pânico etc.
                       As maiores vítimas do burnout são as mulheres. De acordo com os
              dados da pesquisa Women in the Workplace de 2021: 42% das entrevistadas
              já sofreram com diversos sintomas da doença. Em 2022, uma em cada três
              mulheres pensou em deixar o emprego devido ao burnout. No Brasil, 35%
              das mulheres entrevistadas se afastaram do trabalho em razão da sua saúde
              mental. Jornadas extenuantes ou excessivas de trabalho podem levar até
              mesmo às extremas ocorrências denominadas karojisatsu  e karoshi .
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                       Além  das  doenças mencionadas, outras vêm sendo reconhecidas
              como relacionadas ao trabalho que também afetam gravemente a saúde
              mental dos trabalhadores, aquelas que têm como fator de risco questões


              4  Suicídios de trabalhadores causados por excesso de trabalho.

              5  Mortes causadas por jornadas de trabalho extenuantes.
                                           Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 12  Região | v.27 n. 36 2024
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