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S. Tavares-Pereira

              ainda não dominadas inteiramente, lançou descrença na viabilidade
              imediata da ideia.

                       Neste ambiente alargado, para entrar na banda virtual, como no
              filme Matrix, o corpo é visto como um estorvo que precisa ser deixado para
              trás. Útil no mundo físico, inútil no digital. Em verdade, metaforicamente,
              ele é a bateria externa (imagem do Matrix), não imersível no digital, ou seja,
              na banda virtual do metaverso, o espaço onde seres virtuais vivem suas vidas.
              O valioso, mesmo, desses seres estranhos chamados humanos, não é físico
              nem mecanizável: são seus sistemas psíquicos.


              3.8 Avatares, telepresença, presença e metapresença. Imersão

                       Lembre-se que a origem da ideia do metaverso são os jogos em que
              o jogador participa da construção da história. Por enquanto, os avatares são
              as vestimentas dos atores no espaço virtual aperfeiçoado, mas a tecnologia
              promete as holografias.

                       Na  dimensão  virtual  do metaverso, cada  um  constrói sua  vida:   273
              compra, vende, vai à escola, viaja, curte o cinema etc. E pode-se passar
              boa parte do tempo lá, longe das agruras da vida no mundinho chato e
              complicado de apenas três dimensões.
                       Um dos grandes desafios da construção híbrida é a conexão dos
              mundos. Certos meta-atos, praticados na dimensão virtual, precisam refletir-
              se no mundo não digital: uma compra, por exemplo. Faz-se e paga-se numa
              dimensão e recebe-se o resultado, se for um ente físico, na outra.

                       Já se vive boa parte da vida nas estradas da  internet, conforme
              a expressão de Bill Gates em 1995. O metaverso é um aperfeiçoamento
              dessa experiência. A metapresença evoca algo diferente da telepresença. Ela
              dissocia-se das conexões com o físico próprio e do entorno (em termos),
              não é uma imagem captada no mundo físico, digitalizada e enviada para
              os  espectadores  ou  demais  presentes  num  espaço  de reunião/aula/show/
              audiência.  Meta-apresentar-se envolve uma imersão, um transportar-se
              para outro espaço. É um estar efetivo num espaço diferente. A sensação de
              presença atinge seus máximos. É quase uma renúncia (temporária) à vida
              física e uma escolha pela vida meta (na banda virtual do metaverso). Este
              conceito, apesar das abstrações que parecem exageradas, precisará ser bem

                                                                    a
                                           Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 12  Região | v.27 n. 36 2024
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