Page 162 - Revista TRT-SC 036
P. 162

ÔNUS DA PROVA NAS DEMANDAS DE ASSÉDIO E DISCRIMINAÇÃO NO PROCESSO DO TRABALHO

          pleiteados na ação. Contudo, a função do ônus da prova é indicar qual
          dos litigantes sofrerá as consequências jurídicas negativas advindas da falta
          de comprovação, pois, após concluída a fase de instrução, caso o juiz não
          tenha formulado o seu convencimento sobre os fatos, terá que recorrer a
          quem cabia o ônus probatório, sendo o litigante sofredor das consequências
          negativas da falta ou insuficiência das provas, conforme menciona Marcus
          Vinicius Rios Gonçalves (2018, p. 501) .
                                              6
                  Na Consolidação das Leis Trabalhista (CLT), o ônus da prova
          encontra fundamento nos arts. 818 a 830, determinando que incumbe ao
          Autor quanto aos fatos constitutivos de seu direito e, ao Réu, quanto aos
          fatos modificativos, extintivos e impeditivos do direito do Autor.

                  Sendo certo que incumbe ao Autor provar os fatos constitutivos do
          seu direito, cabe ao Réu provar os fatos impeditivos, que “são aqueles que
          obstam o direito do autor”, conforme menciona Mauro Schiavi (2022, p.
          773), os fatos modificativos são aqueles que modificam o direito requerido
          pela parte autora e os fatos extintivos são aqueles que encerram por completo
    162
          os pedidos do Autor.

                  Por consequência, após produzidas as provas pelas partes, cabe ao
          Juiz julgar de acordo com os fatos alegados e as provas trazidas, assim Mauro
          Schiavi afirma:

                           O ônus da prova, na essência, é uma regra de julgamento. Dessa
                           forma, uma vez produzidas as provas, deve o Juiz do Trabalho julgar
                           de acordo com a melhor prova, independentemente da parte que
                           a produziu (princípio da aquisição processual da prova). O Juiz só
                           utilizará o ônus da prova quando não houver nos autos provas, ou,
                           como critério para desempate, quando houver a chamada prova
                           dividida ou empatada. (SCHIAVI, 2022, p. 774)
                  De outro lado, existe a possibilidade de alteração do ônus
          probatório, ou seja, a inversão da responsabilidade de produzir provas
          no processo, caso a situação assim o exija. Essa mudança na distribuição
          do ônus probatório pode ocorrer conforme as particularidades do caso,
          resultando na transferência dos encargos que anteriormente pertenciam a
          uma das partes para a outra parte envolvida no processo.

          6  GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil Esquematizado. 9. ed. São
          Paulo: Saraiva, 2018. p. 501.
   157   158   159   160   161   162   163   164   165   166   167