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SAÚDE MENTAL E TELETRABALHO: ASPECTOS GERAIS E ANÁLISE SOB A PERSPECTIVA DE GÊNERO
em massa consolidaram a expansão das fronteiras da economia, a rigidez
da organização da sociedade (dentro e fora da fábrica) e a separação entre
produção e consumo.
Contudo, a velocidade e a intensidade com que foi
implementado o novo padrão de vida e de trabalho no bojo da Segunda
Revolução Industrial fez com que o seu avanço se tornasse insustentável
em decorrência dos ataques contra a natureza e do uso desmedido de
combustíveis de fonte não renovável.
As grandes indústrias passam a perder força e dá-se início à
Revolução Digital, impulsionada pela criação do computador e a expansão
cada vez maior de seu uso. Célio Pereira explica que tais fatos são datados
da década de 1960 e o “período é marcado pelo constante lançamento
de novos produtos e máquinas, aliados ao crescimento da informática e
robotização. Há integração entre ciência e produção, também chamada de
revolução tecnocientífica” .
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108 Assim, os modelos fordista e taylorista de produção são substituídos
pelo modelo toyotista, cujas características mais marcantes são a produção
parcelada e personalizada de acordo com o interesse do consumidor.
Ganha espaço, ainda, o trabalho desempenhado por um operador
multifuncional, que deve operar várias máquinas simultaneamente e ser
altamente produtivo.
Substitui-se, portanto, o trabalhador pouco qualificado e
mecanizado, pelo trabalhador polivalente e multifuncional. Investe-se em
qualificação e treinamento, permitindo-se, inclusive, a flexibilização do
trabalho por meio da terceirização de serviços e pelo estabelecimento de
contratos temporários. Mitiga-se, ainda, a subordinação e o incentivo passa
a ser para que o trabalhador participe da produção não somente de maneira
física, como mais uma peça da fábrica, mas, sim, de forma intelectual.
Nesse contexto, a paternidade do teletrabalho é atribuída a Jack
Nilles, que trabalhava para a NASA e, em 1971, lançou a ideia de inverter
a relação clássica então existente entre o trabalhador e o local de trabalho.
5 OLIVEIRA NETO, Célio Pereira. Trabalho em ambiente virtual: causas, efeitos e
conformação. São Paulo: LTr, 2018, p. 18.